segunda-feira, 30 de junho de 2014

Roustaing é o "maior herói" do filme 'Causa e Efeito'


Jean-Baptiste Roustaing é personagem destacado do filme Causa e Efeito, de André Marouço. Ele não aparece propriamente na sua pessoa física, e nem o seu nome aparece, mas sua essência é aproveitada no filme, que é patrocinado pela Federação "Espírita" Brasileira.

A FEB, que se baseou no livro Os Quatro Evangelhos de Roustaing para estabelecer suas diretrizes, até hoje publica o livro. Descontados aspectos polêmicos como o "Jesus fluídico" e a reencarnação de humanos na forma de seres irracionais, a FEB sempre manteve a diretriz "espiritualista" lançada pelo advogado de Bordeaux, França.

Através de Roustaing, a Doutrina Espírita se diluiu num neo-catolicismo espiritualista, com algumas matizes copiadas do Protestantismo, e outras de tendências esotéricas, inclusive Astrologia. A esse engodo religioso se juntaram também arremedos muito mal assimilados de ciência, como Psicologia e Física, que caricaturalmente se juntam a essa mistura de crenças e dogmas.

Em Causa e Efeito, Roustaing aparece na forma de três diferentes religiosos, o padre católico, o pastor evangélico e o líder "espírita", que assistem o personagem Paulo (sutilmente inspirado, no filme, no personagem bíblico) e convertem ele, um policial transformado em pistoleiro de aluguel, num militante religioso.

A união das três religiões, na perspectiva "espiritualista" da FEB, em que moralismo religioso e misticismo andam de mãos dadas e a ciência só aparece para "assinar embaixo", muito mal aproveitada pelos ditos "espíritas" brasileiros, é o legado de Roustaing no filme.

Roustaing queria, com o famoso livrão em vários volumes, criar uma "religião-síntese" em que, sob o pretexto de uma "nova espiritualidade", se juntassem elementos de várias crenças religiosas para desenvolver um "novo Espiritismo"... dotado de princípios fundamentalmente católicos.

Esse legado já foi retrabalhado pela FEB, que colocou os pontos polêmicos debaixo do tapete. O Espiritolicismo não defende mais que Jesus era mero fluído ou que a humanidade poderá reencarnar como lesmas, podendo até contestar essas duas ideias com certa firmeza, mas a supremacia do moralismo religioso sobre o raciocínio lógico é o legado integralmente preservado de Roustaing.

A diferença é que agora Allan Kardec é obrigado a assumir a responsabilidade pelo que Roustaing havia feito e defendido. Enquanto o nome de Roustaing repousa tranquilo no semi-anonimato, devido ao desconhecimento de muitos adeptos do Espiritolicismo.

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