terça-feira, 26 de agosto de 2014

A polêmica das irregularidades cometidas por Chico Xavier


Mesmo entre aqueles que fazem críticas ao "espiritismo da FEB", ainda persiste um medo enorme em desqualificar Chico Xavier, tratado como se fosse um "semi-deus" pelos brasileiros, tamanho o temor de qualquer questionamento de suas atividades.

As pessoas assustadas neste contexto exigem "provas", e elas entendem como tais comprovações documentadas, assinadas em cartório, academicamente reconhecidas, dentro de um discurso rebuscado e extremamente formal.

Lançamos vários questionamentos de várias atividades de Chico Xavier, a partir de pesquisas nas quais constatamos que ele não agiu por boa-fé ou por ingenuidade nesses processos. Posso não ser um cientista, mas um jornalista, e procuro confrontar tais processos com o raciocínio lógico, em vez de me contentar com o "fabuloso" e aceitar o mistério como está.

Quanto às provas de muitos aspectos duvidosos da mediunidade de Chico, que não era médium 24 horas por dia, que não poderia escrever uma enorme porção de livros com tanto tempo para atender as pessoas, a lógica dos fatos põe em xeque a mediunidade nessas situações.

Imaginem vocês. Uma pessoa que atendia centenas de pessoas durante a semana, dava entrevistas, ia a cerimônias etc, não poderia lançar de quinze a vinte livros num só ano. Seria ilógico também que ele tivesse que escrever com uma rapidez descomunal, coisa que só somos capazes de fazer quando apenas rabiscamos e não "desenhamos" letras e sinais gráficos.

O próprio temor dos que se recusam a questionar Chico Xavier ou, quando muito, dizer que ele "apenas errou" ou "foi vítima", mostra sérias contradições quanto ao Chico Xavier que eles desejam que fosse, ocupados em clichês diversos que, paradoxalmente, envolvem humildade, velhice e comportamento caipira, aliados a messianismo religioso e sobrenatural.

Pois as mesmas pessoas que imaginam Chico Xavier como "iletrado" e "analfabeto" o veem como "sábio" e "profeta maior". Um homem que, ao mesmo tempo, "não é infalível" e "é perfeito", que é "inculto" e é "mestre", que seguiu mal a Doutrina Espírita mas mesmo assim é mantido em seu pedestal como "figura espírita".

CHICO É VISTO COMO "INCULTO, MAS COM SUPERPODERES"

Se Xavier apoiou fraudes de materialização, cometeu plágios em livros tidos como psicografados, fez a Doutrina Espírita sucumbir, no Brasil, a um catolicismo mofado e apoiou governos reacionários, a lógica mostra que ele em muitos momentos consentiu com tudo isso, não podendo ser vítima desses processos.

Se fosse vítima, ele teria sido um completo ingênuo, quase um débil-mental. Mas ele não era. Ou ele seria um débil-mental e mestre ao mesmo tempo? Seus defensores ou mesmo seus contestadores mais tímidos admitem que Chico Xavier podia falir. Mas não retiram ele de seu pedestal, admitindo também que ele era um "perfeito" que "tinha suas imperfeições".

Se ele era um iletrado e um inculto, além de ingênuo, como ele poderia ter superpoderes para escrever livros com a velocidade da luz, garantindo assim a agenda de pesados compromissos sociais aliada à produção em quantidades industriais de seus livros?

E os ditos autores espirituais? Eles estariam sempre de plantão para atender a Chico Xavier, fora o "mentor" quase sempre disponível Emmanuel? Talvez os chiquistas convictos ou os antichiquistas acanhados acreditem que, tal qual um time de futebol, André Luiz, por exemplo, esteja no banco de reserva quando Humberto de Campos está em campo e vice-versa.

TEMOR RELIGIOSO

É muito cômodo se conformar e acreditar que aquelas pessoas disfarçadas com roupas, cobertores e capuzes brancos com fotos impressas coladas na área do rosto sejam espíritos materializados. É muito cômodo se contentar com o "sentido do amor" ou com "a visão do coração" para aceitar certas aberrações.

Os poemas dos autores espirituais perdem em qualidade em relação ao que eles produziram em vida? Mais confortável é acreditar que a entusiasmada comoção no serviço do amor os tira do zelo por seus próprios talentos, como a luz que entorpece a visão de muito intensa. Seria fácil se fosse assim.

Mas não é. Em relação ao dito pelo parágrafo acima, é inconcebível que, diante da descoberta lógica, através de Allan Kardec, que o espírito amplia suas faculdades intelectuais quando deixa o corpo físico, este tenha que perder suas habilidades artísticas justamente nessa condição, por causa da "universalidade da linguagem" e da "missão de amor" que "une estilos" (?!).

O temor religioso quanto a Chico Xavier, figura que seduz os brasileiros por representar bem os paradigmas de velhice, religiosidade e humildade que a mitologia da fé se expressa no Brasil, faz com que muitos acreditem que o amor está acima da ética, da lógica dos fatos e da coerência.

Mesmo os céticos menos preparados guardam um temor que expressa restos da antiga fé chiquista, parcialmente rompida pela busca do sentido original das ideias de Kardec, mas não em todo eliminada. Há neles ainda uma certa submissão a Chico Xavier, que mesmo nos seus piores erros não pode ser retirado de seu pedestal como suposto líder espírita.

O que faz essas pessoas pensarem assim? Medo de perder a "brasilidade" com que Chico Xavier empresta, aparentemente, ao Espiritismo? Receio de estar agindo contra um "bom velhinho"? Constrangimento em desafiar tradicionais hábitos religiosos? Medo de desqualificar os heróis de nossos avós?

Quanto aos erros de Chico Xavier, nos esforçamos aqui, nos limites da investigação jornalística e no âmbito do raciocínio lógico, analisá-los de maneira coerente. As provas que tivemos são em âmbito jornalístico e lógico, através de questionamentos e da apresentação de sérios problemas quanto aos "sensacionais" feitos do anti-médium mineiro.

Estamos investigando e analisando, ainda, e o que pudemos encontrar coloca Chico Xavier como co-responsável ativo de muitos dos erros cometidos no chamado "espiritismo" brasileiro. A lógica dos fatos prova e comprova muitos desses erros. A lógica tem razões que o amor desconhece.

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