quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Carlos Imbassahy previu fase dúbia do "movimento espírita"


O maior problema que a Doutrina Espírita enfrenta no Brasil é a tendência dúbia, a atual fase que o chamado "movimento espírita" vive, e que consiste numa suposta "fidelidade absoluta" a Allan Kardec enquanto adota uma postura mística e religiosa exaltando figuras como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, assim como André Luiz e Emmanuel.

Em seu texto "Radiografia da Deturpação do Espiritismo", o pensador Carlos Imbassahy, um dos que se esforçavam a combater as deturpações catolicizantes da Doutrina Espírita, nos alertou sobre os perigos dos chamados "kardecistas autênticos", uma farsa surgida tanto na crise do roustanguismo explícito quanto na crise do poder centralizador da Federação "Espírita" Brasileira.

Foi a partir dessa crise que, entre outras coisas, apareceu um suposto texto de Adolfo Bezerra de Menezes supostamente arrependido por ter defendido Jean-Baptiste Roustaing, pedindo para "kardequizar", sugerindo uma corruptela da expressão "catequizar", num trocadilho implícito, mantendo a visão religiosista e de matiz católica do Espiritismo.

Com a crise do roustanguismo explícito - o que fez com que Roustaing só fosse apreciado pelo chamado "alto clero" da FEB - , alguns de seus astros, como pombos voando em direção aos milhos jogados ao longe, como os próprios Chico Xavier e Divaldo Franco, passaram também a fazer parte da turma que jurava de joelhos que era "rigorosamente fiel a Allan Kardec".

A fase dúbia, associada ao marketing da caridade que a Rede Globo, inspirada no documentário de Malcolm Muggeridge sobre Madre Teresa de Calcutá, Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), trabalhou sobre Chico Xavier, substituiu o esforço da FEB em manter Roustaing acima de Kardec. Além disso, a fase dúbia descentralizou o poder da federação e deu voz às entidades regionais, como as federações estaduais.

Esta fase, que prevalece hoje no "movimento espírita", consiste em criar artifícios e arremedos discursivos que dessem a falsa impressão do rigoroso cumprimento dos ensinamentos de Allan Kardec. Evoca-se personalidades e assuntos científicos e os "espíritas", como se não fosse com eles, chegam ao ponto de denunciar as deturpações dos outros.

Tudo teatro. Tudo feito para dar a falsa impressão de que o Espiritismo original é respeitado no Brasil. Por debaixo dos panos, há abordagens "científicas" de André Luiz, exaltações aos textos "filosóficos" de Emmanuel e a glorificação de Chico Xavier e Divaldo Franco através de seus estereótipos relativos à humildade, sabedoria e caridade.

Era esse alerta que foi dado por Carlos Imbassahy, pai do também pensador espírita Carlos de Brito Imbassahy, para que se previnam dos "kardecistas autênticos", que representam um outro estágio de mistificação da Doutrina Espírita, desta vez com maior dissimulação. Segue o trecho do referido texto:

"Existe um grupo de espíritas que se autodenomina de “autênticos kardecistas” e que se esmera num ferrenho combate à Federação Espírita Brasileira e ao roustainguismo, centrados no detalhe absolutamente desprezível do corpo fluídico de Jesus.

No dizer de Krishnamurti de Carvalho Dias, esse é o “boi de piranha” que possibilita a entrada de conceitos contrários à grande contribuição kardecista, que é a imortalidade, a lei da evolução, progressiva e contínua.

Entretanto, esse grupo “autêntico”, curiosamente, aceita o aspecto religioso do Espiritismo e de certa forma a CRISTOLATRIA roustainguista ao apoiar-se nas teses de Emmanuel sobre a evolução em linha reta e o papel de “governador” do planeta atribuído ao Cristo, quando nada disso pode ser autenticamente encontrado no pensamento genuíno de Kardec.

Enfim, os combates margeiam o político e o imaginário, pois esses tais de “espíritas autênticos” continuam acreditando que Kardec foi apenas o codificador e não o fundador do Espiritismo.
E ainda continuam atrás do mito cristão do salvador e do mito judaico do messias.
Não aprenderam a lição histórica da evolução geral e do sentido progressista de Kardec. Apegam-se ao aspecto místico da revelação sobrenatural, na chefia mítica de Jesus Cristo, como “o Espírito da Verdade” e daí por diante".

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