sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A Teologia do Sofrimento e o "bom-mocismo" que agrada as elites

AS ELITES QUEREM QUE "HAJA POBREZA" PARA QUE SE INVENTE "CARIDADE".

A Teologia do Sofrimento, fundamento ideológico do Catolicismo e do "movimento espírita", é uma ideologia hipócrita que, na prática, mais parece um holocausto politicamente correto. Um "tirania do bem" na qual primeiro se faz a pessoa sofrer e depois a ajuda.

"Criam-se os desgraçados para que eu invente minha caridade". Um bom mocismo artificialmente constituído, uma filantropia forjada às custas das desgraças alheias, num sistema de injustiças que se aconselha a não serem combatidas com firmeza.

É notório que a ideologia que pessoas "tão admiráveis" quanto Francisco Cândido Xavier e Madre Teresa de Calcutá, que, juntos, pediam para que nós sofrêssemos calados e acreditássemos que os piores infortúnios são "presentes" dados para nosso progresso, um sadismo que é muito fácil de ser defendido quando é um ídolo religioso apoiado pelos detentores do poder.

A Madre Teresa de Calcutá, que viajava com magnatas corruptos e apoiava tiranos sanguinários - mesmo um Ronald Reagan que financiava genocídios na África, Oriente Médio e América Central não saía desse contexto - , e Chico Xavier, que apoiava a ditadura militar e tornou-se o "menino de ouro" da Rede Globo, não iriam mesmo representar o ativismo social sério.

Além disso, olhemos para o lado de quem se revolta quando fizemos críticas a Chico Xavier e Madre Teresa. Quem se enfurece quando os dois ídolos religiosos são questionados? Gente com algum conforto na vida, e que precisa de um totem religioso, "símbolo de fraternidade e caridade", porque não tem a segurança mental para criar sua caridade por conta própria.

Só que os dois mostram o quanto a Teologia do Sofrimento, essa ideologia venenosa, a cicuta com gosto de cereja que é servida pelos ideais católicos e "espíritas", faz muito mal, tanto para os infortunados que são obrigados a continuar sofrendo, quanto para os remediados que acham que o sofrimento é bom, desde que para os outros.

O que vemos é o "teatrinho da bondade" em que se crê na "necessidade" de haver um "estoque de desgraçados" para que se faça o "espetáculo da caridade". Sejam pessoas na maior miséria, sejam outras que, mesmo com algum conforto na vida, são impedidas de realizar seus projetos e potenciais e enfrentam barreiras intransponíveis até para subir na vida com um mínimo de dignidade.

O "teatrinho" consiste em aceitarmos passivamente o abuso dos algozes - que "terão sua vez" um dia, só que bem mais tarde (geralmente no final da velhice ou na outra encarnação) - e não questionarmos nossas desgraças, orando em silêncio e esperando por Deus e seus "super-heróis" das seitas religiosas mais "fraternas".

Esses "super-heróis" são figuras dotadas de super-poderes, manifestos por um apelo ideológico que enfatiza o contraste: é o fraco que fica forte, o calado que se expressa, o coitado que triunfa, o pobre que mostra sua "riqueza", o ignorante tido como "sábio". Elementos-chave para o deslumbramento religioso típico de um país como o Brasil.

Tudo isso agrada as elites que ficam "patrulhando" quem faz algum questionamento aos ídolos religiosos envolvidos. A máscara de "fragilidade", "humildade", "ignorância" e "pobreza" faz os ídolos religiosos saírem impunes e imunes. Vira um escudo para que as pessoas cometessem abusos e não receberem qualquer punição, além de serem tidas com "lugar garantido para o céu".

Pouco importa de Madre Teresa reduzia suas "casas de caridade" a depósito de moribundos, aos quais tanto faz morrer na calçada ou no leito, se não recebem os devidos cuidados. Pouco importa de Chico Xavier fez sua carreira com pastiches e plágios literários, facilmente comprováveis. Madre Teresa tem sua "santificação" garantida e marcada para 2016. Chico Xavier já é "santo" pelos critérios improvisados de seus seguidores, mesmo os não "espíritas".

Isso porque o que prevalece é um padrão de "amor e bondade" que é construído pelas elites. Um teatro em que o mau comete crueldades e é aceito sem reservas. Há o desgraçado que não pode reclamar de seus flagelos e o bondoso que chega de repente para socorrer o infortunado, desde que este fique calado e conformado, esperançoso de uma bonança que não sabe como e se virá.

É um padrão que conforta os confortáveis, mas que não traz transformação social alguma. Há a ilusão do "ativismo" na conformação, da "mobilização" sob as barreiras da vida, da "justiça" sob as chagas da injustiça que não se pode combater de maneira firme e decidida.

Sob tudo isso, há um modelo de "caridade" que é feito sem que se ameace o sistema de privilégios e poder existentes. Ajuda-se as pessoas apenas de forma paliativa, para não dizer muito limitada, e até projetos educacionais são feitos não para transformar a pessoa num corajoso combatente de injustiças, mas num "ninguém" a mais na multidão que apenas sabe ler, escrever, fazer as contas e cumprir um trabalho qualquer.

São as "cestas básicas", os "donativos", a "sopinha dos pobres", apenas ajudas provisórias, mas mesmo a ajuda "permanente" da "educação para a vida" só produz cidadãos inócuos, que vão apenas trabalhar qualquer coisa, só para ter uma renda que "dê para sobreviver" e ser um ninguém a agir corretamente, com alguma dignidade, mas se "apagando" na multidão.

As elites é que exaltam tudo isso como se fosse "ativismo pleno". E a sociedade em geral acredita, tolamente, que essa sensação de entusiasmo elitista "é acima das elites" e "independente de classes sociais". Grande tolice.

Esse padrão de "caridade" é apenas um "bom-mocismo" que agrada as elites. São pessoas que não sabem a complexidade que é a vida, os anseios e desejos de quem encontram pesadas limitações da vida, e que por isso acham que dar algum objeto ou emprego "qualquer nota" é suficiente para promover o bem-estar social e das a impressão de que os elitistas são "boa gente".

Enquanto essa "heroica caridade" é feita sob o júbilo de confortáveis diante de intermináveis desfiles de palavrinhas bonitas, as injustiças e os privilégios de poucos continuam e as desigualdades apenas são parcialmente reduzidas não para trazer benefícios a todos, mas para evitar a revolta social que ameace o conforto dos privilegiados e poderosos.

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