sábado, 16 de setembro de 2017

Criticar a deturpação espírita não é expressar intolerância religiosa

SE DEPENDER DOS "ESPÍRITAS" BRASILEIROS, BOA PARTE DO CONTEÚDO DE O LIVRO DOS MÉDIUNS EXPRESSA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA A ELES.

Estão surgindo casos de intolerância religiosa no Brasil e eles estão sendo muito mal interpretados por uma imprensa incompetente, conservadora e desinformadora e deformadora da opinião pública. Com base numa "constelação" de grandes grupos midiáticos (Globo, Abril, Folha etc) e seus "satélites" que são as páginas de fake news, as pessoas levam gato por lebre e não entendem coisa com coisa com o que passa realmente.

Os episódios que ocorrem no Brasil, na verdade, são episódios de intolerância religiosa, sim, mas sob motivação social elitista e dotada de racismo, movidos por grupos neopentecostais contra crenças religiosas afro-brasileiras e é um reflexo, na verdade, de uma luta de classes agravada depois que a sociedade mais reacionária retomou o poder, com a derrubada do governo Dilma Rousseff.

O "movimento espírita" tenta se aproveitar da situação e, mediante sua grave crise, pegar carona nos movimentos religiosos afro-brasileiros e tomar como seu o infortúnio deles. Isso é bastante insólito e tendencioso, porque o "movimento espírita" sempre se preocupou em não ser confundido com os movimentos como a umbanda e o candomblé, tidos pelos leigos como "espíritas".

Hoje até parece que o "movimento espírita" passou a gostar desta confusão e vários de seus palestrantes estão espalhando por aí que a onda de intolerância religiosa atinge os "espíritas" e ficam dizendo que as críticas severas que recebem na Internet são "manifestos de intolerância, de falta de perdão e perda da fé em Deus", na esperança de deixar o contraditório "espíritismo" brasileiro como está, na "fase dúbia" da bajulação de Allan Kardec e da apreciação de ideias roustanguistas.

O que se tem é intolerância à mentira, à falta de lógica, à contradição e à dissimulação. O conteúdo dos "espíritas" diz muito desses gravíssimos defeitos, difundidos sobretudo pelos "médiuns" que vivem do culto à personalidade e se promovem pelo Assistencialismo (que dizem ser "assistência social"). Através deles, o legado de Kardec foi rebaixado a um "outro Catolicismo", que de tão influenciado pelo jesuitismo, reduziu o "espiritismo" a uma religião medieval.

As críticas severas e bastante enérgicas que o "espiritismo" recebe se baseiam no conteúdo nem sempre agradável da seminal obra O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. A obra não é um doce a ser dissolvido pelos paladares igrejistas dos "espíritas" brasileiros - tanto que Francisco Cândido Xavier se apressou a lançar uma obra mais de acordo com os devaneios igrejistas, intitulada Nos Domínios da Mediunidade - e mostra pontos que desagradam os "espíritas" brasileiros.

Em muitos trechos, identificam-se caraterísticas negativas que se encaixam nas atividades e nos pontos de vista lançados pelos badalados "médiuns" brasileiros, alvo de muita blindagem por parte da grande mídia, como um PSDB da religiosidade. Textos rebuscados, ideias excêntricas à Doutrina Espírita (como os devaneios igrejistas), uso de nomes ilustres em supostas psicografias, tudo isso já havia sido alertado por Kardec como aspectos negativos da deturpação do Espiritismo.

Lendo esse livro - evita-se traduções igrejeiras como as da FEB e IDE e se prefere a de José Herculano Pires, editada pela LAKE, por ser mais honesta com o texto original - , observa-se quantos subsídios a obra de Allan Kardec oferece para apontar os gravíssimos e preocupantes defeitos da deturpação brasileira, coisa que não é algo para esquecer como errinhos de nada, porque eles envolvem responsabilidades, compromissos e riscos nunca devidamente assumidos.

Para quem está acostumado pela imagem adocicada dos "médiuns" brasileiros, promovidos como se fossem fadas-madrinhas da vida real, ler O Livro dos Médiuns é de partir o coração. Sim, porque o conteúdo se refere, direta ou indiretamente, a tudo que representa o "espiritismo" brasileiro, não de maneira elogiosa mas com críticas bastante severas, apoiadas por argumentos seguros e certeiros.

Será que os "espíritas" brasileiros acusarão Allan Kardec ou espíritos mensageiros como São Luís e Erasto de praticarem "intolerância religiosa"? Será que eles serão acusados, da mesma forma, de "falta de misericórdia"? Por outro lado, o "trabalho do bem" pode ser considerado com obras mediúnicas fake de livros e quadros de pintura?

O "espiritismo", infelizmente, sempre se aproveitou da desinformação da maioria das pessoas para levar vantagem até mesmo em suas piores irregularidades. E criticar isso não é expressar intolerância religiosa, mas intolerância à mentira, à fraude, à mistificação e à dissimulação.

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