sábado, 14 de outubro de 2017

As decadências de Nuzman e Weinstein: e se fosse com um "médium espírita"?

O DIRIGENTE OLÍMPICO CARLOS ARTHUR NUZMAN E O PRODUTOR CINEMATOGRÁFICO HARVEY WEINSTEIN, EM SEUS TEMPOS DE ALEGRIA.

Nos últimos dias, dois homens considerados de grande admiração enfrentaram seu inferno astral. O hoje ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o jogador de vôlei aposentado Carlos Arthur Nuzman, e o produtor executivo de Hollywood, Harvey Weinstein, fundador da Miramax e um dos donos da Weinstein Company, foram denunciados por graves escândalos.

Nuzman foi denunciado por participação no esquema de corrupção em torno das Olimpíadas Rio 2016, que incluiu compra de votos para a aprovação do Rio de Janeiro, cidade há muito decadente e afundada num provincianismo que não condiz com a antiga reputação moderna da ex-Cidade Maravilhosa, como sede dos jogos olímpicos do ano passado. Parecia que era ontem que Nuzman era o mestre de cerimônias do evento, diante de um apagado presidente Michel Temer.

Já o produtor Harvey Weinstein é conhecido por uma grande porção de filmes destacados nos quais ele participou como produtor comum ou produtor executivo, de Pulp Fiction a O Discurso do Rei, e foi denunciado por assédio sexual e estupro por uma grande quantidade de atrizes de Hollywood e outras do cinema europeu.

Os dois são exemplos de como pessoas dotadas de grande reputação podem cair mediante erros considerados graves. No Brasil, casos assim ainda pegam muita gente de surpresa, acreditando que o "alto da pirâmide" é um paraíso de pessoas responsáveis que apenas se envolvem, "de vez em quando", em "pequenas (sic) confusões".

E o que dizer dos "médiuns espíritas", que, não bastasse as traições, de extrema gravidade, que fazem com os postulados espíritas originais de Allan Kardec, ainda são acusados de charlatanismo e falsidade ideológica, através de obras fakes tidas como "mediúnicas"? A complacência generalizada a eles se torna tão preocupante, chegando ao ponto dos críticos da deturpação do Espiritismo se afrouxarem nas críticas, nunca levando adiante os questionamentos.

As irregularidades, de extremíssima gravidade (não, não é exagero), de "médiuns" como Francisco Cândido Xavier, Divaldo Franco, José Medrado e João de Deus, não deveriam ser aceitas confortavelmente, sob a desculpa das "mensagens de amor" e de todo o aparato de meiguice e humildade a que estão associados os "médiuns", considerados "sacerdotes" de um suposto espiritismo cada vez mais voltado a resgatar o Catolicismo jesuíta medieval do Brasil-colônia.

Só o que Chico Xavier fez com Humberto de Campos e outros literatos do além, já é algo que merece repúdio total e intransigente. Não é intolerância à religião, mas intolerância à mentira, à fraude, à mistificação. Além do mais, até a "admirável caridade" das "cartas dos mortos" é uma dupla perversidade: além das cartas serem fake (não apresentam as assinaturas originais dos falecidos), elas exploram de maneira ostensiva e sensacionalista as tragédias familiares.

São coisas de arrepiar os cabelos, mas, como no Brasil as pessoas aceitam muitas coisas de maneira submissa, é mais assustador ver a complacência com que os brasileiros sentem em relação a estes deturpadores máximos que desfiguraram o legado de Kardec.

Chega-se ao ponto dos próprios críticos da deturpação, que em muitos momentos parecem corretos em apontar o igrejismo nas obras dos "médiuns espíritas" e seus palestrantes associados, recuarem e acreditarem ingenuamente que os próprios deturpadores "aprenderão melhor a Doutrina Espírita original". Isso é como acreditar que as raposas possam recuperar o galinheiro que destruíram.

Essas pessoas se esqueceram totalmente dos avisos de Allan Kardec e espíritos mensageiros como Erasto, que recomendavam o máximo de firmeza e nenhuma relativização aos erros trazidos pelos deturpadores. Erasto chegou a dizer que se deve tomar cuidado sobretudo quando os mistificadores do Espiritismo transmitem "coisas boas", como se observa nas "mensagens amorosas e edificantes" que se serve sob o cardápio do igrejismo medieval.

A coisa chega a ser aberrante. Na sociedade em que vivemos, se um familiar trai, ele causa decepção e amargura. Se é um cônjuge, causa rancor e fúria. Se é um amigo, causa repugnância e pavor. Mas se é um "médium espírita" que trai, as pessoas ficam complacentes e acreditam ingenuamente que tal traição teria sido instruída por "amiguinhos doentios", eufemismo para espíritos inferiores.

Não, nada disso. Os erros dos "médiuns" são de sua responsabilidade pessoal, mesmo quando sob influência de terceiros. Chico Xavier, Divaldo Franco, João de Deus, José Medrado e outros têm que pagar pelos seus erros graves e não botar na conta dos que supostamente os desviaram do bom caminho.

Esses "médiuns", como deturpadores da doutrina, já devem ser duramente responsabilizados, em vez da atitude lamentável de saírem impunes e imunes a tudo, porque essa atitude complacente revela o quanto os brasileiros são tomados de fascinação obsessiva e subjugação aos "médiuns espíritas", iludidos com os cenários de céus azuis ensolarados, jardins floridos, crianças sorridentes, borboletas e coelhinhos fofinhos que se somam ao personalismo sedutor desses ídolos religiosos.

Convém as pessoas saírem desse mundo de sonho e fantasia, e não convém usarem de "ginástica intelectual" para explicar o apego aos "médiuns" que arruinaram o legado de Kardec. Caso contrário, levarão um grave e doloroso tombo, diante de escândalos que podem ser revelados ou relembrados a qualquer momento.

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