terça-feira, 3 de outubro de 2017

Foi sem querer, querendo: "espíritas" tentam fugir da Teologia do Sofrimento

"ESPÍRITAS" IGNORAM A DIMENSÃO DO SOFRIMENTO DE MUITAS PESSOAS.

Que as chamadas "lideranças" ou "ídolos" do "espiritismo" brasileiro não sabem o que é sofrer, isso é verdade. Choramingam diante da menor contestação, fazem dramatização diante da acusação de erro, baixando a cabeça quieto com as mãos no rosto, à espera de alguém que sinta pena deles.

Claro. O que os "espíritas" mais fazem é fazer turnê para exibir seu espetáculo de belas palavras, sua verborragia boquirrota cheia de incoerências, mas aceitas como "verdade" apenas porque nelas há o bordão, com forte gosto de mel, que é "somos todos irmãos". Esse balé de palavras é feito até mesmo para promover a fraternidade do pescoço com a guilhotina, como na Teologia do Sofrimento.

Mas aí muitos textos difundiram a associação do "espiritismo" com a Teologia do Sofrimento, corrente católica surgida na Idade Média e popularizada pela Madre Teresa de Calcutá. Os "espíritas", dissimuladores como sempre, assim que foram informados de que seguem tal ideologia, reagem com pavor, e agora tentam mudar seus discursos, pondo em xeque seu compromisso com a coerência e a verdade.

Isso porque, até pouco tempo atrás, os "espíritas" eram muito firmes e taxativos nos seus apelos para a aceitação do sofrimento: "ame o sofrimento", "abra mão até de suas necessidades e talentos", "combata o inimigo que está dentro de você", "abra mão de seus desejos, meros caprichos materialistas", "quanto maior for a desgraça, maiores serão as bênçãos futuras".

Palestrantes "espíritas", estufando os peitos e falando com inflexível firmeza, defendiam tudo isso. Sempre empenhados em ficar com a palavra final para tudo, concorrendo para a posse da verdade, por mais que desmintam tal pretensão, os "espíritas", no entanto, diante da má repercussão dessas ideias e da acusação de ligação da Teologia do Sofrimento, recuam, medrosos, com um medo que contrasta com a firmeza que até pouco tempo atrás haviam mantido em pé.

Chegam mesmo a dizer que "nunca ouviram falar" da Teologia do Sofrimento, e passam a pedir desculpas pela severidade que defendiam antes sem a menor misericórdia. Taxativos na véspera, tornam-se hesitantes e medrosamente cautelosos no momento seguinte, e olha que são pessoas que antes enchiam o peito e, com ar de austeridade, diziam cumprir a coerência de conduta.

Quantas gafes foram cometidas com a defesa do sofrimento humano, uma ideia que combina a influência de J. B. Roustaing que os "espíritas" brasileiros escondem debaixo do tapete e a absorção dos ideais do Catolicismo jesuíta que o "espiritismo" no Brasil faz, reduzindo e rebaixando o legado deixado pelo injustiçado aniversariante de hoje, Allan Kardec, a uma atualização do antigo catequismo colonial da Companhia de Jesus.

O próprio Francisco Cândido Xavier, partidário da Teologia do Sofrimento, ele mesmo tendo sido um católico ortodoxo (que só foi excomungado porque era paranormal, um pecado para uma cidade do interior como Pedro Leopoldo, em Minas Gerais), dizia coisas surreais.

Para Chico Xavier, o sofredor não devia mostrar sofrimento e fingir que está tudo bem. Deveria aguentar tudo em silêncio, orar em silêncio porque isso seria um apelo que ressoaria melhor nos ouvidos de Deus. Lembremos que o "médium" adorava fazer jogos de contrastes, sendo a última pessoa, pelo menos no Brasil, a ter qualquer compromisso com a coerência e o bom senso.

Imagine alguém que está no fundo do poço, com a água subindo de nível, ter que orar em silêncio. Sem poder fazer algo, até porque a parede do poço não tem os relevos necessários para a pessoa poder escalar, o silêncio o levaria fatalmente à morte, mas isso, para os "espíritas", sádicos como são, é uma glória, porque para eles tanto faz uma encarnação se desperdiçar à toa, sob a desculpa da "verdadeira vida".

Sabemos que o mundo espiritual existe e há vida depois da morte, mas se uma encarnação for desperdiçada, ela se perdeu. A pessoa pode reencarnar, mas não terá mais as mesmas condições sociais, materiais e tecnológicas da encarnação perdida, tendo que se virar e mudar seus planos, mesmo quando o contexto apresentar uma sociedade aparentemente mais avançada.

Ao serem identificados com a Teologia do Sofrimento, os "espíritas" logo se apressam. São obrigados a abrir mão dos apelos do "mestre Chico Xavier", voltados para a aceitação do sofrimento, e passam a dizer o contrário que diziam na véspera: "ninguém nasceu para sofrer", "deseje e acredite no impossível", "seja o melhor amigo de você mesmo".

Quantas incoerências. Se reunirmos, em uma coletânea bibliográfica, os artigos que cada palestrante "espírita" escreveu, ficaremos horrorizados com a disparidade de ideias que fazem. Não bastassem o fato de que se chocam textos que bajulam Erasto e outros que falam da "profunda sabedoria" de Emmanuel, há apelos que se chocam uns contra os outros.

Daí que constrange o contraste de textos que apelam para o sofredor "combater o inimigo que está em si mesmo" e outros que falam para o sofredor "se amar como um melhor amigo". E os "espíritas" se dizem arautos da coerência. Só falta defenderem a fraternidade do Bom Senso com o Contrassenso.

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