domingo, 11 de fevereiro de 2018

Divaldo Franco, o homem que esnoba Allan Kardec



Um texto urgente foi escrito pelo autor que atende pelo codinome Professor Caviar, sobre o maior deturpador vivo do Espiritismo, Divaldo Franco, que não mede escrúpulos em trair os postulados kardecianos com o igrejismo de matriz roustanguista - leia-se Jean-Baptiste Roustaing ou J. B. Roustaing - temperado com o jesuitismo medieval brasileiro, para depois sair por aí bajulando Allan Kardec e se passando pelo "melhor de seus discípulos".

Quanta construção de discurso, quanta fábrica de consenso foi alimentada por tantos apelos emotivos e por uma caridade fajuta que mais serve para glorificar o suposto filantropo, e quantos idiotas são muitos brasileiros que acreditaram no papo do "ativista da paz" que não consegue banir uma "farinata", oferecendo o Você e a Paz para lançar uma farsa alimentícia que depois foi cancelada por vergonhosa repercussão.

Ah, quantas paixões religiosas e quanto culto à personalidade "engrandeceram" a figura do suposto médium Divaldo Franco, que havia sido previamente definido pelo espírita autêntico Herculano Pires como "impostor" (lembre-se que Herculano não era alguém de sair disparando calúnias por aí), mas se tornou "dono do Espiritismo" e dublê de pacifista e de filantropo, enganando as pessoas com sua verborragia e suas mistificações.

Fiquemos com este texto, de urgente leitura e necessária divulgação, para mostrar a hipocrisia de alguém que não aprende as lições do Espiritismo e diz que as segue com muito rigor. Divaldo está para Allan Kardec assim como, na ficção humorística, Rolando Lero está para o professor Raimundo Nonato.

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Divaldo Franco, o homem que esnoba Allan Kardec

Por Professor Caviar - Blog Intruso Espírita

Nunca foi fácil se ascender na vida, ir longe demais no prestígio social, virar uma pretensa unanimidade e se tornar quase um deus aos olhos da humanidade da Terra. Nesse sentido, roubar doce de criança se torna uma tarefa bastante sem graça, diante de tantas facilidades que as conveniências da vida podem oferecer.

Nem Marcelo Nascimento, hoje empresário e outrora um dos maiores golpistas do país (retratado no famoso livro e filme Vips), foi tão longe assim. O suposto médium baiano Divaldo Franco, roustanguista de carteirinha, malabarista das palavras e o maior inimigo interno do Espiritismo, conseguiu com toda sua sorte se passar por "herdeiro de Allan Kardec", mesmo cometendo graves traições ao legado deixado pelo professor lionês.

Muitos acham chocante falar coisas sombrias sobre esse "admirável médium". Não deveria ser assim. Chocante é um oportunista desses, explorador da fé alheia, ter atingido uma projeção quase divina, virando uma pretensa unanimidade e se tornando objeto de adoração extrema até por quem poderia vê-lo com um mínimo de desconfiança.

Chocante é ver a que ponto chegou um homem desses, um hipócrita que remete aos antigos sacerdotes que eram reprovados com muita severidade por Jesus de Nazaré em seu tempo. Chocante é ver um sujeito que veste a capa de "verdadeiro discípulo de Allan Kardec", indo para Paris babar o ovo no mestre lionês, quando o próprio pedagogo de Lyon advertida, já no século XIX, contra mistificadores que desfigurariam cruelmente a Doutrina Espírita com textos empolados e ideias anti-doutrinárias.

Se deixarmos de lado a memória curta, o wishful thinking e outros vícios emocionais ou perceptivos, veremos o quanto Divaldo é um charlatão, e isso não é uma questão de calúnia ou inveja. É uma estranheza em torno de tanto aparato de "bondade" e "beleza" extra-humanos. Esquecemos que as pessoas que são realmente evoluídas não tem necessariamente o mel das palavras nem o verniz da mansuetude, assim como os melhores presentes não são aqueles que necessariamente vêm nas embalagens mais caprichadas.

Quanta desinformação atinge os brasileiros. Em países menos imperfeitos, religiosos que vivem do aparato de mansuetude e possuem lábios de mel são vistos com muita estranheza. Quantos "missionários" foram, depois, desmascarados, após a denúncia de aspectos bastante sombrios? E pontos sombrios não faltam na trajetória de Divaldo Franco, mas no Brasil da complacência fácil nem a imprensa de esquerda se encorajou em identificá-lo.

OS PONTOS SOMBRIOS

Nos últimos anos, Divaldo Franco mostrou pontos bastante sombrios de sua carreira, que desmereceriam até 0,5 % da inabalável idolatria que recebe. É bom lembrar que, quando o "médium" baiano estava em ascensão, o jornalista, tradutor e estudioso autenticamente espírita, José Herculano Pires, havia alertado em carta enviada a um colega e depois levada ao público:

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

O caso Nancy é referente a Nancy Ann Tappe, que lançou o modismo esotérico das "crianças-índigo", que no país de origem, os EUA, é visto como uma piada. A farsa foi "aperfeiçoada" pelo ex-casal Lee Carroll e Jan Tober, também dos EUA. No Brasil, o assunto foi levado a sério por Divaldo Franco que, fundindo com as perspectivas de "coração do mundo e pátria do Evangelho" de Francisco Cândido Xavier, estabeleceu supostas previsões sobre a regeneração da humanidade a ser, conforme esta tese, "comandada" pelo Brasil.

Há outros casos sombrios que confirmam os alertas de Herculano Pires, e que deveriam ser levados em conta pelos brasileiros. Herculano não era um moleque a querer ofender filantropos por puro esporte. É certo que Herculano parecia um pouco complacente com Chico Xavier, seu amigo pessoal, mas ele sabia do ditado "amigos, amigos, negócios à parte" e não queria ofender o "médium" mineiro, mas no fundo também ficava preocupado com os trabalhos de Chico pela deturpação doutrinária.

Vamos mostrar alguns pontos recentes que revelam o lado sombrio de Divaldo Franco, que pessoas com um mínimo de consciência social deveriam prestar atenção. São aspectos muito graves para alguém que é tido como "a maior unanimidade do Brasil":

1) FEZ JUÍZO DE VALOR GRAVÍSSIMO CONTRA REFUGIADOS DO ORIENTE MÉDIO - Com base no "achismo" e feito ao arrepio dos ensinamentos espíritas, Divaldo Franco, em entrevista em dezembro de 2016 após o fim de um evento "espírita" na Espanha, acusou os refugiados do Oriente Médio de terem sido "colonizadores sanguinários". Para piorar ainda mais as coisas, Divaldo deu seu juízo generalizando os casos e atribuindo aos sofredores encarnações antigas demais, além de apelar para evocar encarnações passadas, o que Kardec reprovava com muita propriedade. As frases de Divaldo, com o agravante do tom melífluo das mesmas, foram estas:

"No campo das deduções e de acordo com o meu pensamento, penso que aqueles que estão hoje, de volta à Europa, são os antigos colonizadores que deixaram, até hoje, a América Latina na miséria. Como foi negado todo o direito aos seus residentes, como aculturaram os selvícolas, destruindo culturas veneráveis, pela Lei de Causa e Efeito aqueles estão retornando hoje à pátria, no estado de miséria, e que ameaçam os próprios países de onde saíram, para, um dia, buscarem a fortuna para o conforto europeu".

Divaldo poderia ser processado por qualquer indivíduo ou família que, ao tomar conhecimento de tal decisão, se sentisse injuriado ao ser acusado de ter sido um "tirano colonizador". Divaldo Franco seria condenado a indenizar um significativo valor financeiro por danos morais, o que pegaria mal para sua reputação. Não se pode brincar com o sofrimento dos outros. Casos semelhantes, como o de uma pediatra mato-grossense que se recusou a atender uma criança por acusar a pobre menina, estuprada por um tio, de ter sido cortesã em encarnações mais antigas, resultou em processo judicial.

2) APOIOU A OPERAÇÃO LAVA JATO - Divaldo Franco não citou nomes, mas deixou claro que definiu "toda a equipe da Operação Lava Jato" como "Missionários da Ordem do Bem" e alegou que eles estavam protegidos pelo "Plano Superior Divino" para desempenhar suas ações.

Vindo de um ídolo de uma religião marcada por irregularidades mediúnicas e desonestidade doutrinária - as "obras espirituais" destoam dos estilos pessoais dos autores mortos alegados e os postulados "espíritas" brasileiros destoam dos ensinamentos kardecianos originais devido ao igrejismo de inspiração católico-jesuíta-medieval - , faz sentido.

Afinal, a Operação Lava Jato é marcada por inúmeras e gravíssimas irregularidades jurídicas, envolvendo processos truculentos como condução coercitiva para depoimentos e prática e divulgação ilegais de escutas telefônicas. Muitos procedimentos também são feitos ao arrepio dos princípios do Direito. Até para expor processos jurídicos, gafes são cometidas, vide o trabalho de Microsoft Power Point que o procurador Deltan Dallagnol fez sobre o ex-presidente Lula, muito simplório e parcial para alguém de seu cargo e competência jurídica.

A atuação de Sérgio Moro é considerada "parcial", por ser enérgica demais para políticos do PT e de partidos então aliados do governo Lula, mas é complacente ao extremo com políticos do PSDB. Durante uma cerimônia de premiação a personalidades brasileiras promovida pela revista Isto É, Sérgio Moro aparece sussurrando e rindo com o senador mineiro Aécio Neves, uma das figuras do PSDB marcadas pela corrupção política.

Recentemente, o juiz Marcelo Bretas - espécie de versão carioca de Sérgio Moro (e famoso por oferecer uma pipoca ao juiz paranaense durante uma sessão do risível filme Polícia Federal: Justiça é Para Todos, que aborda a Lava Jato sob o ponto de vista auto-adulatório da mídia hegemônica) - está sendo denunciado por receber auxílio-moradia junto com a mulher, resultando em acúmulo ilícito de vencimentos. Segundo a lei, em se tratando de um casal de magistrados ou servidores de um mesmo cargo, o benefício só deve ser concedido a um dos cônjuges, nunca a ambos.

3) DIVALDO FRANCO HOMENAGEOU JOÃO DÓRIA JR., APOIOU A "FARINATA" E AINDA RECEBEU O FARSANTE SRI PREM BABA

É preocupante o caso do Você e a Paz. Quando as coisas vão bem, nota-se que o evento tem sempre Divaldo Franco em primeiro plano. Ele é o idealizador do evento e, por mais que envolva outras crenças religiosas, fica claro que o evento é dele, é ele que aparece nos cartazes promocionais, é ele o primeiro e, talvez, o único a ser entrevistado pela imprensa. Não é só em Salvador. Se o Você e a Paz fosse no Cazaquistão, por exemplo, o destaque de Divaldo seria exatamente o mesmo.

Mas, no caso da "farinata" do João Dória Jr., algo surreal aconteceu. A edição do Você e a Paz em São Paulo, em outubro de 2017, homenageou João Dória Jr. e lançou oficialmente o perigoso alimento lançado pelo prefeito de São Paulo para o "combate à fome", uma "mistura alimentar" de procedência duvidosa contra o qual já havia sido feitas investigações sobre suposta intoxicação alimentar que teria matado catorze internos num sítio em Jarinu que fornecia o "alimento".

Com isso, Divaldo Franco "desapareceu" e o nome Você e a Paz foi vagamente descrito, mas como um evento que não era do "médium". O tendenciosismo jornalístico fez misturar as imagens do Você e a Paz - focalizando apenas Dória lançando a "farinata" com a camiseta do evento que também creditava o nome do "médium" - com a da entrevista coletiva com o arcebispo de São Paulo, o católico Dom Odilo Scherer, que, pelo jeito, foi "provisoriamente" tratado como o "responsável" do Você e a Paz. Divaldo sumiu, como um fantasma às avessas.

Só que isso é grave, e grave é a omissão e complacência da imprensa de esquerda, que ao menos deveria contrapor às informações oficiais da mídia hegemônica. Ela se preocupou em criticar somente Dom Odilo, poupando Divaldo, quando foi o próprio Divaldo que decidiu homenagear o decadente prefeito e abrir espaço para o lançamento da "ração humana", depois cancelada devido à má repercussão. A decisão partiu por iniciativa do próprio "médium" baiano, já que Divaldo é sempre o frontman do Você e a Paz, devendo ser assim tanto nos melhores quanto nos piores momentos.

Para piorar, Divaldo recebeu um farsante esotérico Sri Prem Baba, guru dos "coxinhas", ou seja, aquelas personalidades que, desesperadas, pediram o "Fora Dilma" pelo medo de perderem seus privilégios materiais de elite. Sri Prem Baba também está à frente da "assistência espiritual" aos aspirantes a políticos do movimento Renova BR, evento financiado pela nata do empresariado mais conservador, como Luciano Huck, Nizan Guanaes, Abílio Diniz e o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann.

Outra coisa grave é que Divaldo Franco, que "brincou com fogo", fugiu do "incêndio" que causou. Um mês após a "farinata", ele aparecia num evento "espírita" de Porto Alegre como se nada tivesse acontecido, posando de "paladino da paz" e falando as mesmas verborrágicas palavras diabéticas de sempre. 

Estes são apenas alguns aspectos sombrios de Divaldo Franco, não bastasse o simples fato dele ser deturpador da Doutrina Espírita. Só os disparates grosseiros que as obras de Divaldo (a exemplo de Chico) apresentam em relação à literatura kardeciana original, mereceriam o repúdio aos "médiuns espíritas" que vierem com igrejismo barato.

Afinal, lembremos das lições do próprio Kardec, que aconselhava que, quando um erro comprometedor aparece, não se pode esperar a hesitação em combatê-lo, cabendo o repúdio severo, ainda que de maneira serena e sem ódio, mas de forma a não admitir relativização alguma ao infrator, pois a menor consideração a ele pode permiti-lo cometer erros ainda mais graves e sair ileso de todos eles, ante a condescendência geral da população. 

Divaldo representou esse infrator, e cresceu demais como "mito", nos fazendo esquecer dos alertas feitos há décadas por Herculano Pires, que na sua boa intenção queria cortar a erva daninha pela raiz. Pois agora Divaldo tornou-se a "erva de passarinho" da árvore do Espiritismo, que cresce, fazendo debilitar até a morte a doutrina original, enquanto o "médium" se promove às custas da deturpação.

A risada que ilustra esta postagem parece agradável e simpática à primeira vista, mas a verdade é que Divaldo Franco está rindo de Allan Kardec, esnobando o Codificador que o "médium" baiano trai com gosto e sem um pingo de escrúpulos, mas tem o cinismo de se autoproclamar "seu discípulo mais fiel". Chocante não é questionar ou investigar Divaldo, chocante é um sujeito desses ter hoje virado objeto da mais cega adoração popular e transformado numa pretensa unanimidade nacional.

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